quinta-feira, 13 de novembro de 2014

JÚRI DOS CANIBAIS DE GARANHUNS: delegado depõe e diz que os três tem culpa igual

Trio durante julgamento:Credito: Carlos Ezequiel Vannoni/ Agência Jcm/ Fotoarena
No julgamento do caso dos “Canibais de Garanhuns”, como ficaram conhecidos os crimes cometidos por Jorge Beltrão, Isabel Cristina e Bruna Cristina, o então delegado de Homicídios de Olinda e responsável pelas investigações, Paulo Berenguer, repetiu a história do crime. Após a fala dele, o júri teve um intervalo para almoço e deve retornar no começo da tarde desta quinta-feira (13).
A promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Eliane Gaia, pediu a Berenguer que ele explicasse a cronologia do homicídio de Jéssica Camila da Silva Pereira, morta aos 17 anos em 2008. Segundo ele, Isabel recrutou a jovem – que vendia doces em sinais de trânsito em Boa Viagem – para trabalhar na casa do trio, em Olinda, como empregada doméstica por um salário maior do que o oferecido no mercado à época.
Antes de ser morta, Jéssica teria sido mantida em cárcere privado, mas ainda teria conseguido ligar para uma tia e falar de sua situação. No dia do homicídio, Isabel teria entregue uma faca a Jorge e Bruna teria golpeado a vítima com golpes de karatê, enquanto o acusado desferiu uma facada na jugular de Jéssica e ela foi degolada.
O corpo da jovem foi arrastado até o banheiro, onde foi executado um “ritual” chamado “cartel”. Após usar o chuveiro para estancar o sangue da vítima, ela foi esquartejada em quatro partes como parte do ritual macabro descrito por Jorge em seu “livro”, Revelações de um Esquizofrênico.
Isabel teria dito, durante o inquérito, que o trio procurava mulheres que “não contribuíssem para a sociedade”. A ideia deles é que elas fossem “eliminadas” como espécie de “controle social”, mas com um componente supostamente espiritual: por meio do ritual, a alma da vítima seria purificada. De acordo com o delegado, eles usaram parte do corpo que tinha mais carne e temperaram para comer como alimento normal. A comida foi dada até à criança.
A juíza Maria Segunda Gomes de Lima perguntou ao delegado se haveria um mandante do crime, mas Berenguer afirmou que não havia um líder. Segundo ele, os três teriam o desejo de cometer o crime – tanto pela vontade de ficar com a criança, quanto pelo ritual em si, onde misturavam realidade e ficção.
RELACIONAMENTOS
O delegado ainda relatou o interesse do trio de permanecer com a filha de Jéssica, que tinha pouco menos de um ano na época. Antes de assassinarem a jovem, Bruna utilizou a identidade da vítima e registrou a criança em seu nome. Jorge ficou como pai e Bruna como mãe. Atualmente, a criança está com a tia que recebeu o telefonema de Jéssica.
Em relação ao suposto triângulo amoroso, os acusados não chegaram a esclarecer o caso durante o interrogatório após a prisão. Entretanto, Jorge e Isabel viveriam juntos há 30 anos, mas sentia por ela um “amor de mãe”. Já Jorge e Bruna se conheceram durante uma aula de artes marciais, na qual ele era o professor, e eles se apaixonaram – Isabel teria aceitado que Bruna fosse morar com eles. Segundo o delegado, as informações estavam no livro de Jorge.
Chegada de Jorge Negromonte, Bruna e Isabel ao fórum de Olinda

JÚRI É SUSPENSO: JUÍZA, ADVOGADOS E PROMOTORA COMENTAM 1º DIA

A audiência desta quinta foi suspensa  por volta das 19h30min a pedido das partes. “Esse primeiro dia foi muito positivo para o Ministério Público. Houve contradições naturais nos depoimentos dos réus, mas eles confessaram todos os crimes. Eles tinham adotado a linha de não falar nada na audiência anterior, mas hoje resolveram falar e contaram as verdades deles. Tenho confiança na condenação", disse a promotora Elaine Gaia. 

“Hoje foi bom porque Bruna falou a verdade e a tese da defesa é para atenuar a pena por ela estar sendo sincera", disse o advogado dela, Rômulo Lyra. “A avaliação é positiva com a confissão dos acusados, porque a gente não tinha ouvido ainda eles. E amanhã [sexta] vou pedir a retirada de agravantes e uma semi-imputabilidade, o que reduziria a pena de Jorge, pois ele não seria um louco, como diz o laudo, mas tem histórico de esquizofrenia", comentou a defensora pública Tereza Joacy.
“Analisando e somando as informações dos depoimentos de hoje, a defesa está convicta da tese de defesa e a Isabel será inocentada. Vamos usar a tese de coação moral irresistível, que a exime da culpa, pois praticou o crime sob estado de coação, ou seja, não é responsável pelo ilícito", disse o advogado Paulo Sales.

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