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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Livro completo "Revelações de um esquizofrênico" de Jorge Negromonte, acusado de canibalismo em Garanhuns

Todo o conteúdo do Livro Revelações de um Esquizofrênico, escrito por Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, acusado de canibalismo na cidade de Garanhuns. Ele relata detalhes dos homicídios cometidos. É de arrepiar o que ele revela, como praticou os crimes e principalmente como matou a jovem Jéssica da cidade de Olinda em Pernambuco.

Ele conta vários detalhes importantes de sua vida, vocês vão entender um pouco de como ele se comportava e quais as visões que ele tinha dos lugares onde viveu.


Revelações de um Esquizofrênico
v&c garanhuns
Revelações de um Esquizofrênico






Extraído do blog Agreste Violento




segunda-feira, 28 de julho de 2014

Livro Revelações de um Esquizofrênico será prova contra trio acusado de canibalismo em Garanhuns

Da esquerda para a direita: Isabel, Jorge e Bruna

O trio conhecido pejorativamente como “Canibais de Garanhuns” vai a júri popular no dia 20 de outubro pelo homicídio quadruplamente qualificado de Jéssica Camila da Silva Pereira. A jovem seria a primeira vitima dos acusados, que ainda responderão por vilipêndio (desrespeito ao corpo) e ocultação de cadáver, segundo o TJ-PE (Tribunal de Justiça de Pernambuco). De acordo com a promotora de Justiça Eliane Gaia, um caderno, intitulado "livro do esquizofrênico", será a principal prova apresentada pela acusação contra os criminosos.
Segundo a denúncia do MP (Ministério Público) de Pernambuco, Jéssica Camila da Silva Pereira, então com 17 anos, foi assassinada pelos acusados Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva em maio de 2008, em Olinda (PE).

De acordo com a Eliane Gaia, o caderno, escrito por Negromonte, descreve todo o ritual que era feito com as vítimas, sendo que as anotações foram elaboradas antes dos assassinatos. Foram feitas várias cópias do caderno para servir como prova nos julgamentos das outras vítimas dos canibais, ainda sem data marcada.

No júri de outubro, a promotoria quer mostrar qual foi a participação de cada um na morte de Jéssica. Para o MP, Jorge Negromonte era o mentor e executor do crime. Isabel foi a responsável por levar a vítima ao local do assassinato, oferecendo emprego para ela em sua casa. Já Bruna, exercia liderança com Silveira e colaborava ativamente nos crimes.

Ainda de acordo com a promotoria, provas testemunhais também terão grande importância no julgamento. Uma jovem que foi atraída pelo trio vai depor. A moça afirmou à polícia que lhe ofereceram um emprego — mesma tática usada com Jéssica —, mas ela desconfiou da proposta e recusou. Já o delegado do caso e os peritos, explicarão os passos da investigação.

A promotora acredita que, com a somatória das penas dos acusados, eles devem ser condenados a mais de 30 anos de prisão. O trio permanecerá detido em presídios do interior de Pernambuco até o julgamento, que deve durar pelo menos três dias.

Jéssica era moradora de rua e tinha uma filha de ano e passou três meses na casa dos acusados antes de ser morta. O corpo da jovem foi partido em pedaços e o trio ainda guardou a carne para consumo humano e ocultou os restos mortais. Jorge e Isabel ficaram com a criança da vítima para criá-la como se fosse filha deles. A garota, inclusive, chegou a comer a carne da própria mãe. Segundo o TJ-PE, Bruna ainda chegou a assumir a identidade de Jéssica.

Relembre o caso

O trio está preso desde abril de 2012. À polícia, eles relataram que eram integrantes de uma seita chamada Cartel, que tem como meta a purificação do mundo e o controle populacional, por isso as vítimas sempre eram mulheres. Além de Jéssica, os criminosos também respondem pelas mortes de Giselly Helena da Silva e Alexandra Falcão da Silva ocorridas em Garanhuns — o desaparecimento das duas últimas foi o que motivou o início das investigações policiais.

Após perícias e interrogatórios que começaram em Garanhuns, a polícia encontrou provas com relação ao assassinato de Jéssica, ocorrido em Olinda. Os restos de Jéssica foram achados emparedados na casa do trio. Estas partes, como as mãos da vítima, eram consideradas impuras. O restante era consumido pelo trio. Os acusados chegaram, inclusive, a rechear os salgadinhos que vendiam com a carne de vítimas.

Em julho de 2012, os acusados passaram por exames de sanidade mental que provaram que eles podem responder pelos próprios atos. Os acusados vão permanecer presos até o dia do júri popular.

R7

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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

JULGAMENTO DOS CANIBAIS: defesa de Jorge Beltrão Negromonte tentará convencer júri de que ele sofre de distúrbio mental

Jorge Beltrão vai a júri nesta quinta / Foto: Wenyson Aubiérgio/Acervo JC Imagem


Considerado o líder do trio de "canibais de Garanhuns", como ficaram conhecidos os acusados de matar, esquartejar e comer três mulheres em Pernambuco em 2008 e 2012, Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, 51 anos, ainda não definiu se falará em juízo sobre a morte de Jéssica Camila Pereira da Silva, a adolescente de 17 anos considerada a primeira vítima dos réus. Porém, a estratégia da sua defesa no júri popular que terá início nesta quinta-feira (13) deverá ser de conseguir uma medida de segurança, no lugar da condenação.
Ao contrário da punição recebida pelos réus considerados culpados que têm consciência do crime que cometeram, levando-os à prisão, a medida de segurança é um tratamento destinado judicialmente aos portadores de doenças mentais que cometem delitos devido à enfermidade, que os conduz aos hospitais de custódia e tratamento psiquiátricos. 

No caso de Jorge, o exame de sanidade mental mostrou que ele é imputável, o que quer dizer que pode ir a júri e ser condenado por não ser portador de doenças. "Vou trabalhar para conseguir pelo menos uma semi-imputabilidade. Não posso crer jamais que essa pessoa seja normal", afirma a defensora pública Tereza Joacy Gomes de Melo. "No laudo, a informação é que ele é imputável, mas diz que tem um distúrbio. O que ele precisa é de um tratamento", argumenta. Para isso, deverá ouvir o psiquiatra forense responsável pelo laudo, Lamartine de Hollanda.

Segundo a advogada, Jorge está angustiado por estar há dois anos e meio preso sem receber visitas de familiares, informação confirmada pela diretoria do Presídio Marcelo Francisco de Araújo, no Complexo Prisional do Curado, no Recife. Além disso, está ansioso para o julgamento.
Jorge é autor do diário que intitulou "Relatos de um esquizofrênico", em que se diz portador da doença
Jorge é autor do diário que intitulou "Relatos de um esquizofrênico", em que se diz portador da doençaReprodução: Alexandre Gondim/JC Imagem
Segundo Tereza Joacy, Jorge ainda não definiu se irá falar a sua versão dos fatos no júri, seja confessando ou alegando inocência. "Acredito que seria melhor que ele falasse. É a hora de se defender", afirma.

Assim como Isabel Cristina Torreão Pires, 53, e Bruna Cristina Oliveira da Silva, 28, com quem mantinha relacionamentos amorosos, Jorge confessou os assassinatos à polícia durante as investigações, há dois anos. Porém, nas audiências de instruções, usou o direito de se manter em silêncio.

Pela morte de Jéssica, o trio é acusado de homicídio quadruplamente qualificado (motivo torpe, uso de meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e assegurar a impunidade de outros crimes), além de vilipêndio (agressão ao cadáver) e ocultação do corpo. Bruna ainda é acusada de falsidade ideológica, por ter assumido a identidade de Jéssica após a sua morte.


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

JÚRI DOS CANIBAIS DE GARANHUNS: delegado depõe e diz que os três tem culpa igual

Trio durante julgamento:Credito: Carlos Ezequiel Vannoni/ Agência Jcm/ Fotoarena
No julgamento do caso dos “Canibais de Garanhuns”, como ficaram conhecidos os crimes cometidos por Jorge Beltrão, Isabel Cristina e Bruna Cristina, o então delegado de Homicídios de Olinda e responsável pelas investigações, Paulo Berenguer, repetiu a história do crime. Após a fala dele, o júri teve um intervalo para almoço e deve retornar no começo da tarde desta quinta-feira (13).
A promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Eliane Gaia, pediu a Berenguer que ele explicasse a cronologia do homicídio de Jéssica Camila da Silva Pereira, morta aos 17 anos em 2008. Segundo ele, Isabel recrutou a jovem – que vendia doces em sinais de trânsito em Boa Viagem – para trabalhar na casa do trio, em Olinda, como empregada doméstica por um salário maior do que o oferecido no mercado à época.
Antes de ser morta, Jéssica teria sido mantida em cárcere privado, mas ainda teria conseguido ligar para uma tia e falar de sua situação. No dia do homicídio, Isabel teria entregue uma faca a Jorge e Bruna teria golpeado a vítima com golpes de karatê, enquanto o acusado desferiu uma facada na jugular de Jéssica e ela foi degolada.
O corpo da jovem foi arrastado até o banheiro, onde foi executado um “ritual” chamado “cartel”. Após usar o chuveiro para estancar o sangue da vítima, ela foi esquartejada em quatro partes como parte do ritual macabro descrito por Jorge em seu “livro”, Revelações de um Esquizofrênico.
Isabel teria dito, durante o inquérito, que o trio procurava mulheres que “não contribuíssem para a sociedade”. A ideia deles é que elas fossem “eliminadas” como espécie de “controle social”, mas com um componente supostamente espiritual: por meio do ritual, a alma da vítima seria purificada. De acordo com o delegado, eles usaram parte do corpo que tinha mais carne e temperaram para comer como alimento normal. A comida foi dada até à criança.
A juíza Maria Segunda Gomes de Lima perguntou ao delegado se haveria um mandante do crime, mas Berenguer afirmou que não havia um líder. Segundo ele, os três teriam o desejo de cometer o crime – tanto pela vontade de ficar com a criança, quanto pelo ritual em si, onde misturavam realidade e ficção.
RELACIONAMENTOS
O delegado ainda relatou o interesse do trio de permanecer com a filha de Jéssica, que tinha pouco menos de um ano na época. Antes de assassinarem a jovem, Bruna utilizou a identidade da vítima e registrou a criança em seu nome. Jorge ficou como pai e Bruna como mãe. Atualmente, a criança está com a tia que recebeu o telefonema de Jéssica.
Em relação ao suposto triângulo amoroso, os acusados não chegaram a esclarecer o caso durante o interrogatório após a prisão. Entretanto, Jorge e Isabel viveriam juntos há 30 anos, mas sentia por ela um “amor de mãe”. Já Jorge e Bruna se conheceram durante uma aula de artes marciais, na qual ele era o professor, e eles se apaixonaram – Isabel teria aceitado que Bruna fosse morar com eles. Segundo o delegado, as informações estavam no livro de Jorge.
Chegada de Jorge Negromonte, Bruna e Isabel ao fórum de Olinda

JÚRI É SUSPENSO: JUÍZA, ADVOGADOS E PROMOTORA COMENTAM 1º DIA

A audiência desta quinta foi suspensa  por volta das 19h30min a pedido das partes. “Esse primeiro dia foi muito positivo para o Ministério Público. Houve contradições naturais nos depoimentos dos réus, mas eles confessaram todos os crimes. Eles tinham adotado a linha de não falar nada na audiência anterior, mas hoje resolveram falar e contaram as verdades deles. Tenho confiança na condenação", disse a promotora Elaine Gaia. 

“Hoje foi bom porque Bruna falou a verdade e a tese da defesa é para atenuar a pena por ela estar sendo sincera", disse o advogado dela, Rômulo Lyra. “A avaliação é positiva com a confissão dos acusados, porque a gente não tinha ouvido ainda eles. E amanhã [sexta] vou pedir a retirada de agravantes e uma semi-imputabilidade, o que reduziria a pena de Jorge, pois ele não seria um louco, como diz o laudo, mas tem histórico de esquizofrenia", comentou a defensora pública Tereza Joacy.
“Analisando e somando as informações dos depoimentos de hoje, a defesa está convicta da tese de defesa e a Isabel será inocentada. Vamos usar a tese de coação moral irresistível, que a exime da culpa, pois praticou o crime sob estado de coação, ou seja, não é responsável pelo ilícito", disse o advogado Paulo Sales.

Confira resumo e depoimentos do 1º dia de júri de trio acusado de canibalismo em Olinda e Garanhuns

Carnificina na casa dos horrores superava o filme Jogos Mortais, disse uma das acusadas em depoimento prestado nesta quinta-feira (13/11/2014)


Após dez horas de julgamento, chegou ao fim o primeiro dia de audiência do trio acusado de matar, esquartejar, ocultar o cadáver e praticar canibalismo contra a adolescente Jéssica Camila, em Olinda, há seis anos. A filha da vítima, que estava em poder dos três, na época com dois anos, também teria comido a carne da própria mãe. Nesta quinta-feira (13), pela primeira vez, os três acusados conhecidos como 'Canibais de Garanhuns' quebraram o silêncio e se pronunciaram sobre os crimes. O professor de educação física Jorge Beltrão, 53, confessou ter matado a vítima. Por sua vez, as outras acusadas, Isabel Pires, 53, e Bruna Silva, 24, admitiram auxiliar na ocultação de cadáver e apontaram o réu como líder do grupo. A sessão será retomada nesta sexta (14), às 9h.

Relembre o caso

O julgamento acontece no Fórum de Olinda e é presidido pela juíza Maria Segunda Gomes de Lima. O trio começou a ser investigado em 2012, após a descoberta de restos mortais na residência onde eles viviam, em Garanhuns, no Agreste - município onde ocorreram outros dois crimes pelos quais o trio ainda não foi julgado. Na época, à polícia, os três acusados disseram ter cometido os assassinatos porque faziam parte de uma seita conhecida como "Cartel". Ainda disseram que carne humana teria sido usada para a fabricação de empadas e coxinhas que eram vendidas na cidade. O trio responde por homicídio quadruplamente qualificado - por motivo fútil, com emprego de meio cruel, sem dar chance de defesa à vítima e para assegurar impunidade -, ocultação de cadáver, entre outros crimes. 

Ainda nesta quinta, forma ouvidas as testemunhas e os réus. Terminada a fase de depoimentos, terão início, nesta sexta, os debates, que podem durar até nove horas. Ao fim dessa etapa, os jurados, em sala reservada, responderão aos questionamentos que definirão se os réus serão condenados ou absolvidos. Por último, a magistrada retorna ao salão do júri para ler a sentença.

A defesa insiste na tese de que eles apresentam distúrbios mentais, no entanto, o laudo psiquiátrico solicitado apresentou resultado contrário.De acordo com a promotora Eliana Gaia, os três são lúcidos. "Eles foram submetidos a exames psiquiátricos. Jorge é inteligente e manipulador e inventou sofrer de esquizofrenia paranoide (doença que causa alucinações de vozes e delírios de perseguição). Ele tem uma maldade incomum", declarou. Por sua vez, a defensora Tereza Joacy disse que Jorge estaria tomando medicações que o levavam a ter os sintomas da esquizofrenia. "Ele não tinha a doença, mas apresentava os sintomas causado pelas drogas", explicou. O advogado de defesa Paulo Sales se baseou na tese de exclusão de culpabilidade, alegando que Isabel Pires teria praticado o  crime sob coação.

O júri popular atrai a atenção da sociedade, inclusive, de importantes nomes da criminologia do país. Atenta ao caso há dois anos, a pesquisadora e escritora Ilana Casoy está na primeira fila da audiência. Reconhecida internacionalmente pelas consultorias que presta para a polícia, ela já chegou a entrevistar o trio. A especialista já confirmou que fará um documentário sobre o caso. Ela tem quatro livros publicados, entre eles: O Quinto Mandamento, que narra o assassinato do casal Richthofen, e A Prova é a Testemunha, sobre o caso Nardoni. Outro assento é ocupado pelo jurista José Paulo Cavalcanti Filho, biógrafo de Fernando Pessoa e membro da Comissão Nacional da Verdade.

O julgamento - Testemunhas

A primeira testemunha a depor, na manhã desta quinta-feira, foi o psiquiatra Lamartine de Holanda. O especialista foi enfático ao dizer que Jorge Beltrão não sofre de esquizofrenia. "A esquizofrenia é uma forma de rotular algo que não existe. Mesmo assim, das várias formas de se interpretar essa 'doença', nenhuma se aplica ao caso", declarou. A testemunha de acusação trabalhou como perito no caso. O laudo psiquiátrico, solicitado pela defesa, mostrou resultado contrário. "Os três são independentes e mentalmente sãos", concluiu.

Em seguida, o delegado Paulo Berenguer, responsável pelo inquérito policial que investigou o caso, prestou depoimento. De acordo com ele, os três confessaram o crime e cada um tinha uma responsabilidade na ação. "Isabel, por exemplo, cooptou Jéssica. Eles também admitiram o canibalismo. A carne era temperada normalmente pelas acusadas e servida junto com o resto normal de comida. A idéia era comer a carne purificada da vítima para que a purificação atingisse a todos", acrescentou. Segundo Berenger, Paloma, de Lagoa do Ouro; Maria, de Garanhuns e Yolanda, de Olinda, seriam as próximas vitimas. "Eles ofereciam empregos de doméstica pagando um valor maior que o do mercado", esclareceu o delegado.

O julgamento - Acusados

Jorge Beltrão Negro Monte da Silveira 


Por volta das 13h30, o primeiro acusado começou a prestar depoimento. Jorge Beltrão, apontado como mentor dos crimes, contou - de olhos fechados - os detalhes do esquartejamento, mas negou que a carne humana tivesse sido usada na produção de salgados vendidos em Garanhuns, no Agreste. Além disso, o réu alegou nunca ter siso entrevistado pelo psiquiatra forense Lamartine de Holanda. Disse tomar remédio controlado e confirmou que a morte de Jéssica estava escrita no livro "Relatos de um Esquizofrênico", de sua autoria. 

Ainda durante o depoimento, alegou estar arrependido da morte de Jéssica e dos crimes praticados em Garanhuns, mas não quis falar sobre os casos do Agreste. "Foi um momento de extrema fraqueza e me sinto na posição das pessoas que perderam seus entes queridos. Minha verdadeira prisão é minha consciência. Meus colegas de cela ficam agoniados quando estou sem remédio porque dizem que eu fico nervoso, agitado.  Mas eu não lembro disso. Essa depressão é por causa das vítimas", disse.  

Quando questionado sobre quantas pessoas tinha matado, foi categórico ao dizer que foram "só as três". "Foi uma extrema fraqueza", falou para justificar a morte da adolescente. Sobre a seita 'Cartel', disse que a criou há muito tempo, mas não havia atividade. "Cheguei a fazer doações para ONGs e umas três ou quatro famílias. Fazíamos doações de alimentos e denominamos de Cartel. Foi quando resolvi fazer esse trabalho com Bel e Bruna". 

E terminou o depoimento pedindo para rezar. "Pai celeste, em nome do seu filho Jesus, obrigado pela oportunidade de falar a verdade. De estar aqui pagando por algo que fiz. Também gostaria de pedir consolo para as famílias que perderam seu parentes e também por Bel e por Bruna".

Isabel Cristina Pires da Silveira 


A primeira das mulheres a se pronunciar foi Isabel Pires e o depoimento durou aproximadamente duas horas. A acusada disse não ter participado da morte de Jéssica. "A conheci porque estava querendo um filho para criar e fiquei comovida com a menina (filha da vítima), que estava desnutrida", contou. "Entendo que ajudei na ocultação do cadáver, mas não estava na hora do esquartejamento. Eu subi, fiquei com a criança. Quem esquartejou foi só o Jorge". E detalhou a execução. "A Bruna pegou a faca das minhas mãos e entregou ao Jorge para que ele a matasse. Eu estava segurando a pequena. Fiquei muito nervosa. Ela disse que comeu a carne de Jéssica grelhada com arroz. A criança também comeu. Ela estava lá com a gente, estava fazendo parte da família".

No depoimento, justificou o silêncio diante dos crimes do marido. "Sou dependente emocional de Jorge. Fiquei calada com medo de que ele me deixasse", confessou. Isabel Pires confirmou que também se alimentou da carne de Jéssica, mas negou os salgados. "A parte da coxinha não era verdade, eu inventei porque estava com medo de apanhar na delegacia e queria ir para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) com eles", disse. Segundo ela, Bruna Silva, a outra acusada, ligava para as vítimas, mas Jorge Beltrão era o responsável pela seleção. Ainda disse não ter participado das outras mortes. "Havia uma outra pessoa a ser executada. Porque o Jorge tinha esse negocio de Cartel. Mas antes de Jéssica não teve morte alguma", salientou. 

"Os objetivos eram purificação, cuidar das pessoas, procurar aquelas pessoas que tinham problemas, não trabalhavam e não tinham objetivo", concluiu a ré. 

Bruna Cristina de Oliveira da Silva

De acordo com a acusada, Jéssica foi escolhida por ser uma menina de rua, mas havia outra pessoa para ser levada. "Uma tal de Jandira, outra moradora de rua que tinha 20 anos. "A gente ia sequestrar a criança, mas não tínhamos condições de pagar pelo registro. Por isso, decidimos pegar a Jéssica que era mais nova e mais humilde. Era uma presa mais fácil". Além disso, Isabel a teria escolhido porque Bruna poderia se passar por ela. A criança acabou sendo registrada duas vezes. Ao detalhar a morte da adolescente, a ré também alegou não ter participado do esquartejamento.

"Por medo, por ameaça do meu pai, tive que fugir de casa e não dei qualquer noticia para a minha mãe durante sete anos. Eu fiquei apavorada. Nunca vi isso nem em filme. Jogos Mortais perdia. Minha Nossa Senhora, tremi tanto. Eu e Isabel limpamos tudo e pegamos os restos mortais. O Jorge cavou quatro buracos", explicou. A acusada, no entanto, diferente da outra ré, disse que a menina não comeu a carne da própria mãe. "Eu comi porque o Jorge disse que na Bíblia estava escrito que se matasse tinha que comer. Mas eu revirei a Bíblia toda e não achei isso", debochou.

Segundo ela, o comportamento do acusado mudou com o passar do tempo. "No começo de tudo, o Jorge parecia ser um homem normal, mas ao conviver com ele fui começando a ver as bipolaridades mentais", destacou. Ao ser questionada sobre a sanidade dele pela promotoria, não hesitou. "Normal ele não é".

O sarcasmo da acusada durante as resposta levou Eliana Gaia a pedir seriedade e a perguntar o porquê dela rir pelo canto da boca ao lembrar o caso. "Eram eles que me mandavam fazer as coisas. Eu só tinha que fazer. Crime de falsidade ideológica e participar de homicídio. Tudo ideia deles", tangenciou. Para a defesa, Bruna Silva disse que Jorge Beltrão era o líder do Cartel, embora, em depoimento, o acusado tenha dito que não existia líder na seita. "Hoje eu sou uma pessoa que tenho que pagar pelo que fiz, pelas coisas que eu encobri. Gostaria de pedir perdão a Seu Emanuel, pai de Jéssica, apesar de eu não conhecê-lo", concluiu.

Perfil dos acusados e das vítimas que confessaram ter matado

Os réus


Isabel Cristina Pires da Silveira

Dona de casa - alega sofrer de esquizofrenia
Casada com Jorge Beltrão há mais de 30 anos
Confessou à polícia a morte de oito pessoas
Cozinhava a carne para alimentar o trio e rechear salgados vendidos em Garanhuns
Está na Colônia Penal Feminina de Buíque

Jorge Beltrão Negromonte da Silveira

Faixa preta de karatê, professor de educação física
Confessou a execução de Jéssica e mais duas mulheres
Responsável por cortar a cabeça das vítimas, esquartejar os corpos e retirar as carnes
Escreveu o livro Revelações de um Esquizofrênico, com detalhes dos crimes
Está no Complexo Prisional do Curado

Bruna Cristina de Oliveira da Silva

Na adolescência, conheceu os outros suspeitos e passou a viver com eles
Mantinha relacionamento amoroso com Jorge
Era responsável por levar as vítimas para a residência
Ajudava a imobilizar as mulheres e retirar as carnes dos corpos
Confessou a execução de Jéssica e mais duas mulheres
Está na Colônia Penal Feminina de Buíque

As vítimas oficiais


Olinda
- Jéssica Camila da Silva Pereira, 17 anos
Estava desaparecida desde 2008. Os restos mortais foram encontrados após quatro anos

Garanhuns

- Giselly Helena da Silva, 21 anos, conhecida como "Geisa dos Panfletos"
Estava desaparecida desde o dia 25 de fevereiro de 2012
- Alexandra da Silva Falcão, 20 anos
Estava desaparecida desde o dia 12 de março de 2012

Fonte: Diário de Pernambuco



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