sexta-feira, 7 de junho de 2019

Após surto de Doença de Chagas em Ibirimim, veterinário do Centro de Zoonoses explica situação em Garanhuns e dá dicas de como a população deve se prevenir contra o barbeiro


Um surto de Doença de Chagas aguda registrado em Ibimirim, em Pernambuco, tem deixado a população do sertão preocupada e amedrontada. Dos 77 participantes de um evento religioso, onde possivelmente ocorreu a contaminação, 62 já fizeram coleta de sangue para análise. Até o momento, 22 resultados positivaram para Chagas, segundo o Diário de Pernambuco. 

O surto, o primeiro ocorrido no Brasil, também preocupa as cidades do Agreste do estado que registraram casos de barbeiros infectados com triatomíneos ano passado. A preocupação e os cuidados se estende também a Garanhuns que figura em uma relação de 40 municípios que identificaram barbeiros positivos em 2018. Capoeiras e Jucati, também no Agreste Meridional, estão na lista. 

Para saber como está a situação do programa de controle da Doença de Chagas em Garanhuns, e as providências que o município vem tomando para proteger a população, sobretudo após o caso de Ibimirim, o portal V&C conversou com o Dr. Paulo Jorge Valença, coordenador do Centro de Controle Ambiental do Centro de Zoonoses de Garanhuns. Ele confirmou a identificação de um caso de pessoa infectada pelo barbeiro no município em 2018, mas ressaltou que Garanhuns está dentro do padrão de segurança, já que apenas uma pessoa infectada não pode ser qualificado como endemia ou infestação alta. 
Paulo Jorge Valença

DEZ BARBEIROS FORAM ENCONTRADOS EM 2019 EM GARANHUNS. SÓ UM INFECTADO

De acordo com Paulo, 10 barbeiros já foram encontrados pela Secretaria de Saúde este ano em Garanhuns, mas apenas um era positivo, que é o que provoca realmente a Doença de Chagas. " A presença do barbeiro no local não quer dizer que uma pessoa tenha Chagas ou que todo barbeiro seja possuidor do Tripanossoma cruzi, que provoca a doença. O que deve ser feito quando observar a presença de um barbeiro em sua casa ou nas cercanias é, se possível, capturar o inseto vivo e levá-lo a um posto de Saúde de Garanhuns. A partir daí será feita uma série de exames para saber se o barbeiro é ou não um portador da doença. Se for, é feita uma nova visita na residência para identificar se algum morador foi picado. É feito então uma sorologia de monitoramento e,  se confirmado, o tratamento é iniciado".  Ainda de acordo com o veterinário nessa situação a casa também é dedetizada. 

NEM TODO INSETO PARECIDO COM BARBEIRO É O BARBEIRO

Outro ponto importante ressaltado por Paulo Jorge Valença é que existe muito insetos parecidos com o barbeiro, mas que não são barbeiros.  Estes são da família do inseto, mas não se alimentam de sangue como o perigoso barbeiro.  Em Garanhuns existe um programa de controle de Chagas em funcionamento que consiste principalmente nas visitas dos agentes de endemia às residências, em especial as da zona rural, onde se concentram a maioria dos casos. Nesses locais é feito uma avaliação situacional. Sendo encontrado, o inseto é levado para o laboratório e avaliado. 

O CASO DE IBIMIRIM

Para Paulo, o caso de Ibimirim pode ter sido provocado por ingestão de água ou alimento infectado por um barbeiro positivo. O profissional argumentou que um barbeiro pode ter sido macerado na água ou alimento e o intestino dele contaminou esses componentes, mas que só uma investigação mais detalhada pode esclarecer o que houve. Ele ainda ressaltou que pode ocorrer contaminação de Chagas também por ingestão de caldo de cana ou açaí, por exemplo, quando um inseto portador da doença é triturado no processo de confecção do alimento. 

SINTOMAS

O médico ainda falou que inicialmente os sintomas da doença de Chagas são; cansaço, diarreia e febre. Em uma segunda fase, a enfermidade atinge o coração que cresce de tamanho deixando a pessoa debilitada. Se identificada no início, o tratamento surte um bom efeito aumentando a sobrevida do paciente.

CUIDADOS

Os cuidados segundo Paulo são: limpeza do local e organização, evitando acúmulo de material de construção, de madeira, lenha, entre outros entulhos. Ainda segundo o veterinário, um ótimo controle biológico contra o barbeiro é a criação de galinhas, sobretudo na zona rural. "A galinha come o barbeiro e não acontece nada com ela", frisou. Para ele, outro ponto importante é receber bem o agente de endemia e deixá-lo ter acesso à casa para que ele possa fazer bem o seu trabalho dando maior proteção a população. 


CONFIRA O ÁUDIO DA ENTREVISTA COM PAULO JORGE VALENÇA

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