sexta-feira, 28 de maio de 2021

Ministério Público conclui relatório preliminar sobre causas do acidente que matou jovem durante forte chuva no mês de abril em Garanhuns; CONFIRA FOTOS E CONCLUSÕES DO ÓRGÃO SOBRE A TRAGÉDIA

 





O MPPE, através da combativa 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania de Garanhuns, concluiu o relatório preliminar sobre as causas do acidente que vitimou a jovem Nayara de Melo, de 24 anos. Ela morreu no dia 21 de abril ao ser sugada por uma tubulação na Rua Antônio Paulo de Miranda, durante uma forte chuva que caiu no centro de Garanhuns.  O documento foi produzido pela Gerência Ministerial de Arquitetura do MPPE, a pedido do promotor Domingos Sávio Pereira Agra. 

O Portal V&C teve acesso às 17 páginas do relatório preliminar, datado do dia 24 de maio. Anexado ao texto do MPPE, soma-se os relatórios do Corpo de Bombeiros, da Apac, da Compesa, e da Secretaria de Infraestrutura, Obras e Serviços Públicos de Garanhuns.

Pela APAC (Agência Pernambucana de Águas e Clima) foi dito que estava previsto para aquele dia 21, para a região do Agreste Meridional onde Garanhuns se insere, chuvas com intensidade de fraca a moderada (embora tenha chovido muito mais intensamente no centro do que em outros pontos da zona urbana)

Pelos Bombeiros foi dito que, pelo fato de a cratera onde Nayara caiu estar alagada quando da retirada do carro, não foi possível procurar pela vítima no local. Isso se deu muito porque, segundo o relatório,  quando Nayara cai na cratera é imediatamente sugada pela tubulação de drenagem, não havendo possibilidade de reação por parte dela naquele momento. 

O corpo de Nayara foi encontrado a cerca de 1,2 Km de distância do ponto onde ela caiu. Uma das conclusões do laudo do setor de engenharia e arquitetura do MPPE, é de que a tubulação estava rompida, fazendo com que a vítima fosse rapidamente sugada pelas águas sem chances de ser socorrida.

Ao MPPE, a  Compesa disse que o rompimento da tubulação dias antes, (16 DE ABRIL) que abriu uma primeira cratera, não contribuiu com o trágico acidente. A empresa  argumentou que no dia 16 de abril foi acionada para resolver o estouro de uma tubulação usada para drenagem de águas pluviais na Rua Antônio Paulo de Miranda e que a segunda cratera, (a que sugou Nayara) só se abriu no dia 21 de abril,  no momento da forte chuva que caiu no centro da cidade.

Já a Prefeitura de Garanhuns, através da Secretaria de Infraestrutura Obras e Serviços Públicos, afirmou ao MPPE que havia uma fissura no calçamento, já no dia 16 de abril, causada por um vazamento da Compesa e que no mesmo dia foi reparado.

A prefeitura disse também que ligações clandestinas da rede pluvial acarreta o saturamento da referida rede comprometendo sua integridade. "A tubulação referida capta água da Boa Vista  e São José suportando grandes volumes de água, portanto, deveria ter dimensões maiores. Nesse sentido há estudos para uma rede de drenagem no local," escreveu o Governo Municipal no documento que enviou ao MPPE,


Em outro trecho a prefeitura evidenciou que o local onde ocorreu o acidente estava interditado, vindo moradores a retirar os cavaletes.  

Com base nos quatro relatos, (Compesa, Prefeitura, Apac e Bombeiros) e nas fotos anexadas aos referidos documentos,  o engenheiro civil Roubier Muniz de Souza, que é analista do MPPE para este tipo de questão e que assinou o laudo, concluiu que o acidente  que matou Nayara de Melo se deu pelo rompimento da tubulação de drenagem pluvial.  "O fator preponderante para a morte de Nayara foi o rompimento da tubulação de drenagem,", diz parte do documento a que o V&C teve acesso.

Nas fotos relacionadas pela Secretaria de Infraestrutura é possível notar que a interdição inicial restringia-se a primeira cratera, aberta bem antes do dia da forte chuva que acabou em tragédia.  Segundo o relatório do MPPE, a informação colhida pelas fotos rebate a informação da prefeitura de que o  acesso ao local estava restrito e os moradores retiraram os cavaletes de proteção.

A análise técnica do MPPE também concluiu que o sistema de drenagem naquele fatídico dia 21 de abril estava trabalhando afogado, o que na linguagem dos engenheiros quer dizer que, naquele momento, suportava uma grande pressão devido a força das águas.

Foi verificado também pela análise do MPPE que havia uma galeria de menor dimensão acima do local do acidente, o que não é regular. Segundo prevê a engenharia, não deve haver diminuição de dimensão das tubulações sob pena de esta trabalhar sob muita pressão. 

Ainda de acordo com o relatório técnico do Ministério Público,  a seção ( ligação entre os tubos não deve ser estreitada durante o percurso porque pode provocar um estrangulamento. Nesse contexto, o laudo preliminar concluiu que há um sub-dimensionamento de tubulações na rua  Antônio Paulo de Miranda, já constatado pela Prefeitura de Garanhuns, como consta de sua resposta à 2ª promotoria.


Segundo o MPPE, houve um grande carreamento (deslocamento) de material sólido causado pela abertura da primeira cratera dia 16 de abril, o que contribuiu para o entupimento das manilhas. Ainda segundo constatação técnica, a primeira cratera teria sido  aberta logo após uma forte chuva de 54 milímetros que veio a cair no centro de Garanhuns no dia 15 de abril. Esse rompimento se deu por estouro da rede de drenagem pluvial e não pela rede de água fria ( rede que abastece as casas com água potável) que fica bem acima desta. 

"Dia 16 abre-se o primeiro buraco provocado pelo rompimento da tubulação de drenagem por excesso de água a ser transportada além da capacidade do coletor pluvial. Na chuva de 21 de abril, o dia da morte da Nayara, o material que tinha sido levado pela tubulação, fruto do primeiro rompimento, obstruiu a tubulação, impedindo a vazão da água que se encontrava retida. Isso causou o segundo rompimento ( a segunda cratera, a que a vítima e o carro caíram).  As duas crateras eram conectadas pela tubulação", diz o relatório do MPPE

O MPPE também concluiu que o veículo Celta que caiu na cratera estava em local permitido quando a segunda cratera se abriu. 

Por fim há a conclusão de que há um subdimensionamento da rede de drenagem na Rua Antônio Paulo de Miranda, o que pode fazer com que surja novas crateras a depender da quantidade de chuvas.

O Portal manteve contato com o promotor Domingos Sávio, que já deu  ciência do relatório ao Município e que este que foi convidado, através de seu procurador, para uma reunião sexta-feira, dia 04 de junho, visando à celebração de termo de compromisso de saneamento para tratar da inadequação detectada no sistema de drenagem de águas pluviais no local onde ocorreu o rompimento da tubulação.

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