quarta-feira, 15 de julho de 2020

CIDADE NÃO TEM MAIS LUGAR PRA ENTERRAR SEUS MORTOS:Prefeitura vai doar terreno pra construção de cemitério particular com previsão de crematório e até enterro de pet em Garanhuns, enquanto população espera há mais de uma década pela construção de um cemitério público


Garanhuns vive há muito tempo imerso em um dilema preocupante no que se refere a espaço para enterrar seus mortos, sobretudo aqueles que não tiveram, na terra, uma vida abastarda capaz de proporcionar-lhes recursos suficiente para ter um enterro digno e luxuoso em um cemitério particular. O dilema? Os dois cemitérios públicos do município praticamente não têm mais vagas para sepultamento.  Mas, ao invés de agilizar a construção de um novo espaço público para resolver o problema dos mortos, o Governo Municipal se apressou em doar um terreno de 14 mil metros quadrados, no bairro Francisco Figueira, à uma funerária para que se construa um cemitério particular, com previsão de crematório e até sepultamento de pets.  (ver detalhes nas imagens no final desta publicação)

O projeto de lei que autorizará ou não a doação do espaço está na Câmara Municipal para votação e, provavelmente, será aprovado, mas o problema não está na construção de um empreendimento funerário particular na cidade, (embora essa política de doação de terrenos do município a particulares precise ser revista, auditada e melhor fiscalizada), mas na prioridade zero que o poder público de Garanhuns tem dado a questão. Se a cidade não tem mais espaço disponível para a realização de sepultamentos e se, ao que tudo indica, o imbróglio é a falta de um terreno, porque não usar esse mesmo terreno doado a um particular para construir um novo cemitério público? Se a área serve para o uso privado, serve também para o uso comum, sobretudo em prol dos verdadeiros donos do terreno, os munícipes. Resumindo, não se concebe que o Governo municipal alegue não ter terreno disponível para construir um novo cemitério público, mas faça uma doação à iniciativa privada com o mesmo fim. 

A abordagem da questão não tem a finalidade execrar o referido empreendimento privado, mas alertar o Governo Municipal de Garanhuns sobre a necessidade urgente de que se encontre solução para o problema de falta de vagas para sepultamento na cidade. 

A empresa solicitante, cujo nome não é citado nesta publicação para evitar demonização e pré-julgamentos, está corretíssima na sua intenção de empreender e investir na cidade, e isso deve ser exaltado e incentivado. Se concluído, o cemitério particular vai gerar 20 empregos diretos e cerca de 100 indiretos, atendendo a demanda de toda uma região, entretanto, o interesse público e coletivo da população deve sempre prevalecer sobre o interesse privado e, no momento, Garanhuns clama há mais de uma década por um novo campo santo para que a conhecida expressão "descanse  em paz" realmente faça sentido.  

GAVETAS FORAM CONSTRUÍDAS COMO MEDIDA PALIATIVA EM GARANHUNS

Em 2019 o município construiu gavetas rotativas no cemitério São Cristóvão, no bairro da Liberdade. Os espaços são temporários e permanecem com o corpo por cerca de três anos, mas a medida é paliativa e não resolve o problema em definitivo.












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