quarta-feira, 4 de julho de 2018

CHEGOU DE SETE DA MANHÃ E SAIU TRÊS DA TARDE: "É desumano", diz mãe que relatou demora e mau atendimento na Pediatria do Hospital Dom Moura

Hospital Dom Moura, em Garanhuns

O Brasil tem dezenas de presídios espalhados pelas cinco regiões do país. Esses complexos são fortemente guarnecidos por agentes penitenciários. Distribuídos no perímetro do prédio, eles são responsáveis pela segurança dos presos e deles própria.  Cumprindo um turno de 24 horas, intercalando horários de descanso e de vigilância nas guaritas, é terminante proibido a esses profissionais, e uma falta grave punida até com prisão, saírem do seu posto antes de serem substituídos por alguém do próximo turno, porque disso depende a segurança dos presos, da sociedade e dos próprios agentes.  Mas a regra imposta aos profissionais dos presídios parece não se aplicar a médicos de hospitais públicos. Se a segurança é importante, o que dizer da saúde da população onde a demora em determinados atendimentos pode significar o fiel da balança entre a vida e a morte? Parece que alguns médicos (são muitos) não estão nem aí pra isso. Nos hospitais, faltas são constantes e encaradas como algo menor, sem importância. Raramente estes profissionais são punidos por se atrasarem ou deixarem de comparecer no horário correto ao seu plantão. O resultado disso, dessa negligência e passividade com algo tão grave, é o caos generalizado nas urgências das unidades de saúde e sofrimento, angústia e risco para os que dependem do sistema público. 

Inserido neste contexto, o Hospital Dom  Moura, em Garanhuns, está longe de ser exceção. É preciso reconhecer que a atual gestão melhorou e muito a qualidade do serviço oferecido no maior hospital do Agreste Meridional, mas casos pontuais continuam a massacrar, humilhar e desumanizar os pacientes que lá buscam atendimento. Casos como o de uma mãe que procurou o blogue para externar sua indignação com o tratamento que recebeu no último domingo, 01 de julho. Ela levou sua filha com problemas respiratórios para a pediatria do hospital por volta das sete da manhã, mas foi atendida já próximo às 15 horas. 

Uma das causas do atraso abissal foi justamente o hiato entre a saída do médico de plantão e a chegada do que ia assumir seu posto. Segundo a mãe, um saiu de oito, mas entre sete e oito não quis atender ninguém.  Já o que deveria chegar as sete, faltou e foi substituído por outro que apareceu perto das 11 horas, mas, mesmo com o atraso, demorou a começar o atendimento e foi almoçar por volta das 12h40min causando revolta nos mais de 15 pais  que aguardavam que seus filhos fossem atendidos. 

Como se não bastasse a demora e o sofrimento dos que esperaram pacientemente sua vez, e outros que se revoltaram, a mãe, que pediu anonimato de sua identidade para não expor a filha, disse que após esperar até perto das 15 horas, finalmente entrou no consultório do médico, mas não era o fim da humilhação. "O atendimento do médico é péssimo; ele nem sequer levantou a cabeça pra olhar pra minha filha.  Sequer examina os pacientes. Nem receita passou. Fiquei muito estressada e o cansaço tomou conta. Me desculpe a palavra, mas o atendimento é um lixo. Nenhum ser humano merece aquilo como atendimento. Eu ainda fui paciente, mas teve um rapaz que se alterou lá, com razão, porque a filha dele tava vomitando bastante. Fiquei abismada com a insignificância com que nós pacientes somos tratados.  Na noite anterior também havia ido com minha filha e, apesar da rapidez com que me atenderam, me incomodou a forma com que o médico falou conosco. Parecemos cachorros sendo atendidos. É muita grosseria," desabafou a mulher de 32 anos, estudante de Farmácia. Ainda de acordo com a universitária, muitas crianças se queixaram de fome haja vista o longo tempo espera, o que fez com que aumentasse o grau de stress a que foram submetidas. 

O blogue está à disposição do Hospital Dom Moura para, se assim desejar, prestar esclarecimentos sobre o caso relatado nesta publicação.  É fato que o cumprimento dos horários por parte dos médicos deve ser levado muito a sério e fiscalizado exaustivamente pela gestão. Se ocorre faltas ou atrasos sem uma justificativa, o profissional deve ser rigorosamente punido de acordo com a legislação. Não é porque é médico que se deve passar a mão na cabeça. Lembremos da história dos agentes penitenciários frisada no início desta matéria.  Saúde é coisa muito séria e, tal como um policial, um agente, ou um vigilante, um médico só deve sair do seu posto (plantão) quando for substituído por outro, haja o que houver porque disso depende a saúde dos que buscam o sistema público.  A população merece respeito, tanto no correto serviço prestado, como no tratamento cordial e humano aos pacientes. Merecemos respeito porque dos nossos impostos saem os recursos que bancam a saúde municipal, estadual e federal. Atendimento rápido, educação e, principalmente, tratamento humanizado é bom, e nós gostamos.  

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