Texto do engenheiro Paulo Camelo, enviado à imprensa.
"Em pleno século XXI, o Brasil ainda carrega vários "tabus e preconceitos”. A reforma
agrária já aconteceu em diversos países, já no Brasil é um “bicho”, com todo respeito aos
animais. A imprensa, especialmente a burguesa, evita, propositalmente, mencionar algum
assunto sobre à "Direita", o "Centro" e à "Esquerda". Afinal, “Despolitizar” é preciso.
Existem três posições quanto ao "impeachment", a saber:
1 - À "Direita" defende o "impeachment" e critica o governo Dilma, o qual é de Centro-Direita.
Engana-se profundamente quem imagina que o PT e o governo Dilma, representam “à
esquerda”;
2 - Os Centristas e Reformistas, ou melhor, a "Centro-Direita", são contra o “impeachment” e
defendem o governo Dilma;
3 – A “Esquerda”, PCB e outros, são contra o "impeachment", mas criticam o governo Dilma.
Deixando a questão legalista de lado, a abertura do processo de impeachment
contra a Presidente da República, Dilma Rousseff, é a expressão do esgotamento do
papel do PT como partido reformista, ou seja, da ordem burguesa.
Agravam esse
quadro a corrupção, a qual é inerente ao sistema econômico capitalista. Portanto, a
corrupção não será extinta nos limites do capitalismo.
A estabilidade dos governos petistas reside na boa administração do capitalismo
e no arrefecimento dos movimentos populares. Mas, o PT desaprendeu o dever de
casa, ficando sem rumo. Deste modo, o aprofundamento dos reflexos no Brasil da
crise mundial do capitalismo (chamado por Lula de “Marolinha”) constitui o principal
fator de desestabilização do governo Dilma e, consequentemente, da atual crise
política.
Apesar dos governos petistas terem se transformado em governos da “Ordem
Burguesa” e cedido a muitas exigências do capital, ao promoverem os chamados
ajustes e cortes de direitos para satisfazê-lo ainda mais, setores de direita, derrotados
nas eleições de 2014 e da própria “base aliada” tramam para encurralar o governo
federal e arrancar ainda mais vantagens.
É nesse quadro que se abre o processo de impeachment. Não porque o
presidente da Câmara dos Deputados, o corrupto Eduardo Cunha, resolveu retaliar o
governo, mas porque se esgota o tempo em que era vantajosa para a burguesia a
terceirização política que concedeu ao PT, já que este partido não oferece mais a
vantagem de administrar bem o capitalismo e, ao mesmo tempo, desmobilizar os
trabalhadores.
Ou, alguém tem dúvida que o PT desmobilizou o movimento popular no Brasil?
Ao fazer concessões com as elites ricas e com os seus testas de ferro, a
exemplo do PMDB, o governo do PT cavou a sua própria sepultura.
Como o PT não fará
um giro radical em sua linha política de conciliação com a burguesia, só falta sabermos
a data do enterro.
Com essa leitura, a esquerda autêntica considera que, para os trabalhadores e
os setores populares, foi nociva a instauração do processo de impeachment. A
tendência é que qualquer resultado nos seja desfavorável.
Assim, a esquerda deve repudiar as ações das forças reacionárias pelo
impeachment, ao mesmo tempo em que deve propor que o governo da presidente
Dilma, não promova um pacto social com a burguesia.
Lembrando que é no governo Dilma, que as irregularidades administrativas e a
corrupção estão sendo apuradas, diferentemente dos governos de “Direita juramen-
tada”, cujos processos foram engavetados. Que o diga o governo do ex-presidente Fer-
nando Henrique Cardoso.
Deste modo, as manifestações “pró-impeachment” tendem ao fracasso,
porquê a população já percebeu que a maioria dos políticos brasileiros são piores e
muito piores do que a presidente Dilma. Dilma é melhor do que Lula, Aécio, FHC,
Renan, o vice golpista Michel Temer, e tantos outros. Além do mais não existe mais
liderança política no Brasil, nem tão pouco militar, religiosa, etc. O Paulo Camelo, é
insuspeito para dizer tal afirmativa porque votou nulo no segundo turno da eleição
presidencial de 2014.
As forças de esquerda devem privilegiar a luta direta das massas, sem
subestimar alguns espaços políticos institucionais e a defesa das liberdades
democráticas e dos direitos civis, numa perspectiva de construção do socialismo".
Paulo Camelo de Holanda Cavalcanti, ex-líder estudantil, militante do PCB, engenheiro
civil e ex-candidato a Prefeito do Garanhuns/PE