segunda-feira, 27 de maio de 2019

Comissão da Alepe veio a Garanhuns analisar alternativas de desenvolvimento econômico para o município e região


Fomento ao associativismo e investimentos na pecuária e no turismo. Essas foram algumas das sugestões para impulsionar o crescimento do Agreste Meridional apresentadas em audiência pública realizada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico na última sexta (24). O encontro, que reuniu representantes de órgãos estaduais, prefeituras, câmaras de vereadores, academia e sociedade civil para tratar das potencialidades e vocações da região, ocorreu no auditório do Campus da Universidade de Pernambuco (UPE) em Garanhuns.

“Esta região já teve riquezas como o café e o algodão, além do parque industrial, mas tudo isso ficou no passado”, contou o deputado Sivaldo Albino (PSB), que solicitou o debate. “Chegou o momento de discutir as potencialidades. Temos os caminhos da agricultura e da avicultura, além de um clarão de perspectivas na tecnologia da informação, já que Garanhuns tem bons cursos na universidade e nas escolas técnicas. A Bacia Leiteira também precisa de novos investimentos”, enumerou, defendendo a criação de um grupo de estudos permanente como encaminhamento do encontro.


Presidente do colegiado, o deputado Delegado Erick Lessa (PP) iniciou os trabalhos apresentando um estudo realizado pela Consultoria Legislativa (Consuleg) da Alepe. O documento mostra o crescimento do potencial econômico da Bacia Leiteira e da produção de ovos no Agreste Meridional, além de revelar a composição da produção agrícola na região, com destaque para o feijão (42,4%), a mandioca (29%) e a batata-doce (16,3%).


A pesquisa ainda mostra que, enquanto Pernambuco sofreu uma perda de 12,1% nas vagas de empregos formais entre 2010 e 2019, o Agreste Meridional experimentou crescimento de 4,1%. As principais dificuldades identificadas são o êxodo rural, a dependência da pecuária leiteira, a necessidade de repasses financeiros da União e do Estado, a estiagem (que aumenta os custos da pecuária e diminui o lucro dos produtores), bem como a baixa incidência e o fraco estímulo à cultura associativista e suas derivações (cooperativismo) na região.

A educação é o indicador local que apresenta maior atraso. Porém é também, segundo o estudo, o investimento que traz maior retorno em longo prazo. “A gente quer, junto com a academia, as secretarias e a sociedade civil, encontrar saídas para melhorar esta região tão importante econômica e politicamente, mas que precisa disso depois de algumas crises, como a da Bacia Leiteira e a de turismo”, explicou Lessa.

Como sugestões, o estudo da Consuleg elenca: aumentar o número de barragens para fomentar a vocação natural para a pecuária leiteira; realizar estudos de melhoramento do gado local e importar animais adaptados ao clima; ampliar o papel da universidade e a formação de mão de obra especializada; e estimular o ecoturismo e o associativismo.


O vereador de Garanhuns Audálio (PSDC) argumentou em favor de investimentos na agricultura familiar. “Principalmente pela experiência do café orgânico que a UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) tem aqui. Na Colômbia, é assim”, disse. Representante da Prefeitura de Garanhuns, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Janecélia Marins, destacou a construção de indústrias em 46 lotes doados pelo município, gerando cerca de 500 empregos.

Investimento na qualificação profissional é a contribuição que a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-PE) pode dar, afirmou o diretor da entidade, Reinaldo Júnior. “Toda a riqueza falada aqui vai chegar nas mãos das pessoas por meio do comércio. Então estamos brigando para trazer uma Faculdade Senac para cá”, antecipou o gestor, que também é presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) de Garanhuns. Ele informou, ainda, que as entidades oferecem capacitação gratuita para atendentes de lojas, além de cursos de idiomas (Espanhol, Inglês e Libras) para os segmentos de hotelaria e gastronomia.

O reitor da UPE, Pedro Falcão, defendeu o turismo como alternativa viável. “E uma coisa que vai agregar é o turismo de eventos”, observou. Ele complementou reconhecendo que a chegada da universidade e do Instituto Federal ao município “propiciou um boom na questão imobiliária, com construções e aluguéis”. A medida recebeu apoio do professor e geógrafo Carlos Ubirajara, que tem uma tese sobre as vocações econômicas da cidade. “Precisa ter meio ambiente e infraestrutura adequados para gerar valor e atrair fluxos de pessoas, que por sua vez vão gerar novos hotéis, restaurantes, bares, ou seja, uma dinamicidade do espaço”, pontuou.

Morador de Garanhuns, o motorista de caminhão Antônio Bispo sugeriu uma melhor articulação política dos Poderes Públicos municipal e estadual com o Governo Federal a fim de atrair indústrias para a região. “Emprego é o foco. E a indústria é o que vai fazer a economia da cidade crescer. Também tem outros mecanismos, como o turismo, mas por si só ele não resolve a necessidade do povo”, acredita. Para o professor da UPE, Marcos Renato Dias, pequenas indústrias são mais interessantes que as grandes e “atraem a mesma quantidade de empregos”.
Motorista de caminhão Antônio Bispo sugeriu articulação
 política municipal, estadual e federal para atrair indústrias. Foto: Evane Manço

O evento ainda contou com a participação de gestores de vários municípios, assim como do presidente do Consórcio Público para o Desenvolvimento da Região Agreste Meridional de Pernambuco (Codeam), Maurílio Rodolfo, conhecido como Neném. A entidade é composta por 29 municípios da região. As secretarias estaduais de Agricultura e de Trabalho, Emprego e Qualificação, além do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), da Empetur, do IFPE Garanhuns, da UFRPE e da Autarquia de Ensino Superior de Garanhuns (Aesga), também enviaram representantes.

Com informações da ALEPE

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