O irmão do reeducando José Edvan do Nascimento, de 18 anos, que morreu durante uma rebelião na noite do último domingo (30), na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Caruaru, Agreste de Pernambuco, denunciou, na manhã desta segunda-feira (31), problemas na unidade. Segundo José Wilson do Nascimento, de 20 anos, o irmão dele era atendido desde junho no local e relatou, aos familiares, que era constantemente ameaçado.
José Edvan havia sido internado no local após ser apreendido em flagrante por roubo e porte ilegal de arma. "Ele não era bem tratado no local e relatou que recebia xingamentos de grupos rivais e agentes penitenciários. Lá não tinha escola, não tinha material de higiene e nem ressocialização. Minha mãe está revoltada. A gente não esperava que isso fosse acontecer", revelou o irmão. Os familiares de José Edvan são de Calçado, também no Agreste.
Ainda segundo José Wilson, o irmão já havia tentado se matar e estava recebendo atendimento psicológico, com o complemento de remédio controlado. "Ele era da unidade de Garanhuns e havia relatado problemas também. Foi transferido para Caruaru e mais problemas. A revista era malfeita. Os agentes revistavam umas partes e outras não. O meu irmão andava muito nervoso e tomava remédio controlado. Agora, ficou muito difícil sem ele", relatou o jovem.
Por meio de nota, a Funase informou que desenvolve, em todas as suas unidades, uma política de respeito aos direitos humanos. Os agentes socioeducativos são treinados dentro dessa política. Ainda segundo a nota, atos irregulares individuais não representam o comportamento da maioria dos profissionais que atuam dentro das unidades da Funase. A fundação orientou que qualquer denúncia de irregularidade dentro das unidades da Funase é apurada com rigor, podendo resultar, se comprovada, na demissão dos envolvidos.
Da Folha de Pernambuco
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