quarta-feira, 13 de maio de 2015

PIONEIRISMO: Mulher dribla preconceito e sustenta a família trabalhando como taxista em Garanhuns. CONHEÇA A BELA HISTÓRIA DE MÁRCIA GOMES DA SILVA.

Márcia Gomes da Silva chega à praça para mais uma
noite de trabalho como taxista em Garanhuns

A cidade de Garanhuns tem cerca de 150 táxis mas, desde o mês passado, um deles tem chamado a atenção de quem utiliza esse tipo de transporte. Por fora, o veículo é igual a todos do restante da frota. Tem a cor branca e a logomarca na porta, que o identifica como táxi. A grande diferença se encontra dentro, mais precisamente atrás do volante. É que os motoristas, ou melhor, "as motoristas", são duas mulheres que se revezam dia e noite como taxistas na Praça da Pastello, na Avenida Santo Antônio, em Garanhuns. Ianara Vital trabalha das sete da manhã às sete da noite. Mas é Márcia Gomes da Silva que conduz o táxi modelo Fox no horário mais complicado, que vai das sete da noite até as sete da manhã.  "Decidi trabalhar à noite porque isso me dá a oportunidade de aproveitar mais o dia ao lado das minhas duas filhas que têm oito e onze anos", relatou Márcia, que conversou com o V&C na noite desta quarta-feira, (12/05), entre uma corrida e outra.

Antes de se tornar, junto com  Ianara, a primeira taxista mulher de Garanhuns, Márcia havia trabalhado como gerente comercial em uma empresa. Cansada da monotonia e querendo encarar um novo desafio, ela ficou sabendo da vaga no táxi de um amigo e não pensou duas vezes para aceitar o  novo emprego. "Estou muito satisfeita. Na primeira noite no táxi, já fiquei apaixonada pela profissão. Os outros taxistas me receberam muito bem pois alguns conhecem a garra do meu falecido pai, Guilherme Félix, e sabem que isso está no DNA da nossa família", disse a garanhuense que tem 41 anos.  Porém, nem tudo são flores. A jornada noturna no táxi tem suas dificuldades  e, aliado a isso, ainda existe o preconceito já que o ofício de taxista sempre foi predominantemente masculino. Nada disso consegue desanima Márcia. Nem mesmo as cantadas baratas que recebe em algumas corridas. "Eu me saio. Dou uma resposta muito educada, mas firme, e eles acabam pedindo desculpas. Digo: se estou trabalhando à noite em uma profissão tao perigosa é porque preciso e exijo respeito", relatou.

Márcia também lembra como foi a sua primeira corrida. "Foi muito interessante porque eu estava fora do táxi e um casal de estudantes de  Medicina se aproximou e me perguntou onde estava o motorista.  Daí falei que era eu e eles começaram a me aplaudir. Me senti bastante valorizada," disse.

No meio da interessante conversa, a taxista nos interrompeu e, em um tom mais sério, se queixou da falta de segurança no centro da cidade. "Tem noites que fico sozinha na praça e isso é preocupante. Seria muito bom se as autoridades construíssem um posto policial decente no centro e colocasse PMs lá à noite toda. Aumentaria e muito a nossa sensação de segurança. É preciso proteger toda a população, e nós taxistas também, afinal somos o cartão de visitas da nossa cidade", frisou.

Com vinte anos de carteira de habilitação, Márcia se acha uma excelente motorista e diz que os clientes elogiam sua destreza ao volante. Perguntada se não tem medo de assaltada durante alguma corrida, ela diz que não tem medo e que entrega na mão de Deus. "Acontece às vezes de termos que levar um cliente desconhecido de madrugada em um local distante de Garanhuns. Nesses casos, eu peço para ele ir no banco da frente porque se for atrás e tiver mal intencionado fico totalmente sem defesa.  Minhas passageiras pedem meu nome para colocar nas orações para Deus me livrar de todo mal, e, vez ou outra, um taxista amigo me escolta em corridas para locais distantes. Isso ajuda", afirmou.

Com pouco tempo na praça de táxi da Pastello, Márcia acha que vai se firmar na profissão e busca maneiras de driblar a crise e faturar mais. Ela trabalha com o sistema de fidelização de clientes e procura decorar o nome de todos e fazer um bom pós venda. "Quero personalizar nosso trabalho popularizando o nosso veículo como Táxi das Meninas, O Táxi da Diferença", encerrou a simpática mulher.

 Márcia Gomes da Silva. Taxista, mãe, mulher. Talvez não tenha se dado conta mas, seu pequeno passo ao se tornar taxista, pode vir a ser um grande passo no futuro para as mulheres de Garanhuns. Ao aceitar o desafio do novo e diferente emprego, ela abriu caminho para que outras garanhuenses e pernambucanas possam sair da obscuridade do preconceito e se enveredar por esta e outras lindas profissões caracteristicamente masculinas, mas que podem ser desempenhadas com competência por qualquer pessoa independente de gênero.


Atendendo ao pedido de alguns leitores, segue os telefones de contato de Márcia para quem quiser contratar os seus serviços de táxi. (87) 99286463 ou (87) 96407482

Praça em frente à Pastello é o local de trabalho da  taxista Márcia

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