quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Garanhuns Jazz Festival teve público recorde

Do JC

Entusiasmado com o Garanhuns Jazz Festival, que este ano recebeu seu maior público, o prefeito Isaias Régias antecipou que o evento será ampliado em 2014: “Queremos o festival com mais polos, e outros estilos, como a bossa nova, por exemplo.  Pelo o que o Garanhuns Jazz está trazendo para a cidade, ele merece receber mais investimentos. Numa cidade sem tradição carnavalesca, tivemos os hotéis com 80% de ocupação, fora a mídia que o festival recebeu. Este retorno da mídia não tem preço. E não foi apenas regional, em São Paulo o festival também foi notícia”.

A euforia do prefeito de Garanhuns não era exagerada. Este ano o GJF recebeu um público estimado em, pelo menos, 50% a mais do que no ano passado. Enquanto até então a plateia era formada em sua maioria por pessoas de meia-idade, este ano os jovens com média de 20 anos responderam por, pelo menos, metade do público. Provavelmente porque ídolos pop ou de rock vieram à cidade mostrar sua faceta blueseira.

Um destes foi Kiko Loureiro, guitarrista e vocalista da superbanda brasileira de metal Angra. Loureiro, que mora em Los Angeles, veio de São Paulo para Garanhuns, sem ter ideia do que iria encontrar: “Menor ideia. Já havia tocado com a banda de Giovanni Papaléo, a Uptown Band, no Recife, e aceitei o convite, até porque não sou de Carnaval. Achei muito legal o festival, com uma ótima plateia, e  boa música de graça”.

George Israel, da Kid Abelha, Rodrigo Santos, do Barão Vermelho, Ticos Santa Cruz, da Detonautas, e Andreas Kisser, da Sepultura, foram os outros músicos que aderiram ao blues, embora os dois primeiros, na verdade, tenham feito um show em homenagem a Cazuza.

Andreas Kisser, guitarrista da banda de rock brasileira mais bem-sucedida no exterior comentou a receptividade do público  de Garanhuns lembrando que sua estreia  no Sepultura aconteceu em 1987, num show em Caruaru: “É isto que quero resgatar com a  banda, Tocar pelo interior do Brasil”. Ele participou da guitarrada que fechou a edição 2013 do GJF tocando  Metamorfose Ambulante e Só quero um xodó, esta ultima uma homenagem ao garanhuense Dominguinhos (parceiro de Anastácia neste xote), que completou 72 anos na Terça-Feira Gorda.

A noite da terça foi aberta por Sérgio Ferraz, acompanhado por Guga Ferraz  (baixo), e Benoni Alexandre (bateria). Ele mostrou temas de seus dois discos solo, e do próximo, que lança no mês que vem: A sublime ciência e o soberano segredo, um trabalho com violino plugado e programações eletrônica. Depois de Sérgio Ferraz, o Jazzpira, que mescla jazz com a música caipira do Sudeste. A carismática vocalista Adriana Faria fez a festa, com modas de viola, cateretês, alguns conhecidos com duplas sertanejas, a exemplo de Sua majestade o Sabiá.

Veio em seguida, o americano Kenny Brown, que tem jeito de malandro carioca, mas com o blues correndo nas veias. Ótimo cantor e bom guitarrista, ele passeou por um repertório óbvio, mas funcional para um fim de carnaval. A turma do gargarejo não parou de dançar.

O GJF já está colhendo os frutos do intercâmbio entre músicos locais e os convidados do festival nas seis edições. Baião de 3, Marcos Cabral e banda, Valvulados,  Paulo Ferreira mostraram maturidade tanto em seus próprios shows, quanto participando das jam session. Por sua vez, o público assimilou uma música a que dificilmente teria acesso, ratificando que a falácia de que o povo gosta de sertanejo, axé ou fuleiragem. A plateia do GJF assistiu atento ao Delicatessen refinado grupo de jazz gaúcho, e vibrou com a apresentação da carioca Taryn Szpilman, com um repertório lado B de blues, soul e rock.

No último dia, não arredou pé até a madrugada da quarta-feira ingrata vibrando com a guitarrada de blues. A sexta edição do GJF mostrou que o evento tem público certo e sabido e espaço para se expandir além das fronteiras que até então lhe foi demarcada.

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